Era vez uma princesa branca, representante de uma elite branca européia que resolve abolir a escravidão no Brasil. Isso foi num dia 13 de maio, há 131 anos. Pura bondade? Não! Segundo Jaqueline Lima Santos, antropóloga da Unesp e militante do Movimento Negro Unificado, o ato da princesa foi mais uma estratégia para desmobilizar a organização dos negros, visto que a população negra organizava movimentos de resistência, rebeliões e revoltas como Malês, Balaiada, Sabinada, dentre outras. Grande parte dos “libertos” tiveram que continuar nas fazendas porque não tinham condições de sobreviver de outra maneira. “A população negra não foi indenizada pelos três séculos e meio de escravidão, as senzalas sobem para os morros, onde hoje se localizam as favelas”, diz Jaqueline*.
Para a historiadora Reny Aparecida Batista, professora do Educafro, agora, depois de muitos anos de lutas e conquistas significativas, o atual governo desqualifica as ações do povo negro e tenta reduzir a pó as pequenas vitórias que os negros tiveram. Isso sem contar a sua intolerância em relação à religiões de matriz africana, às questões de gênero, o desrespeito aos direitos dos trabalhadores, na sua maioria composta por negros, enfim, no trato com o ser humano. “Nos últimos anos, mexemos na cor das universidades federais, demos outro tom nas relações sociais, colocamos outra atmosfera nos aeroportos e portos. A elite não gostou. Mas nossa luta é constante, estamos disputando poder e quem tem poder não abre mão do seus privilégios em nome de outra classe. Nossas conquistas, nossa liberade se dá na luta,” afirma a historiadora.
* Disponível em: https://www.geledes.org.br/13-de-maio-comemorar-o-que/