Ascom/SECI
Quando começa a se aproximar alguma data comemorativa ou feriado a maioria dos comerciários querem saber como será o funcionamento do comércio. Ficam ansiosos esperando o SECI informar qual será o horário de trabalho e quais serão os direitos e compensações pelo trabalho extra nesses dias. Mas nem sempre foi assim. Tanto é que a fundação do Sindicato está diretamente ligada a essa luta pela regulamentação do horário de trabalho no comércio.
Comerciários conquistam Semana Inglesa
No final dos anos 70, o Brasil estava passando por um período crítico. O país tentava sair de uma ditadura militar marcada pela repressão, arrocho salarial e corte de direitos. O povo insatisfeito fez surgir diversas organizações, principalmente de trabalhadores, para construir o projeto de país que queriam. E Ipatinga vivia esse clima. No comércio, a principal insatisfação dos trabalhadores era com relação ao horário de trabalho. Além de não terem hora para sair do serviço, os comerciários lidavam com jornadas extremamente cansativas, salários baixos e não recebiam horas extras. Cada comerciante fazia seu próprio horário, sem respeitar as folgas e os finais de semana.
Foi então que em 1977 um grupo de comerciários começou a discutir como a Semana Inglesa poderia ser implementada no comércio da cidade. Após várias reuniões e manifestações, os comerciários conquistaram a aprovação da Lei Municipal 644, de 15 de março de 1979. Com essa lei, o horário do comércio passou a ser de segunda a sexta, das 8h às 18h e aos sábados, das 8h às 12h. Aos domingos e feriados os estabelecimentos deveriam ficar fechados.
Sindicato nasce para cobrar a lei
Mesmo com a lei sancionada, a norma existia apenas no papel. Na prática, poucos respeitavam a semana inglesa. Foi aí que os comerciários se uniram novamente para fazer cumprir a lei. Assim, criaram em 24 de junho de 1984, a Associação dos Trabalhadores no Comércio de Ipatinga, o embrião do SECI.
O diretor Antônio Ademir é um dos comerciários que participaram desse início da história do Sindicato. “Começamos a nos reunir às escondidas, nas igrejas, nas casas, para o patrão não mandar embora, porque não tínhamos estabilidade. Decidimos criar um Sindicato por causa da indignação de ter poucos direitos e ainda o pouco ser desrespeitado. Não tínhamos horário pra sair da loja. Além disso, nunca ficávamos sabendo se íamos trabalhar no feriado, o patrão pagava como queria, o salário que queria e não tinha ninguém pra fiscalizar, nenhum lugar pra irmos reclamar. O gerente e o dono da loja faziam as regras. Chegava no feriado, vínhamos trabalhar e se o movimento no comércio estivesse ruim, eles nos dispensavam pra casa. Quando o comércio estava cheio, não tinha hora de ir embora. Véspera de Natal era até 22 horas, meia noite. Aí juntamos o grupo de comerciários que tinham essa insatisfação e fundamos o Sindicato”. No dia 05 de dezembro de 1985 o Ministério do Trabalho emitiu a certidão que transformou a Associação em Sindicato dos Empregados no Comércio de Ipatinga.
Passado de Ipatinga é presente em outras cidades
Desde o início uma das principais bandeiras do SECI é o respeito à jornada de trabalho. Tanto que até hoje o Sindicato bate nessa questão. “Vamos pras ruas, visitamos empresas, pedimos fiscalização, fazemos acordos prevendo compensações. É por isso que o comércio não funciona em todos os feriados deliberadamente. No horário de fim de ano também a conquista é significativa, porque se antes a loja fechava meia noite na véspera do Natal, agora fecha às dezoito”, afirma o diretor.
Mas há cidades próximas de Ipatinga em que essa situação ainda acontece. “Nesses locais em que não tem Sindicato, além do trabalhador não ter benefício social, não tem abono, nem salário diferenciado e sua jornada é muito desrespeitada". Segundo Antônio, esse problema tem feito com que o SECI receba muitos pedidos para estender sua base a outros municípios. “Eles ficam conhecendo o trabalho do Sindicato e querem que estenda os trabalhos para lá”.
Muita luta pela frente
Ao completar 34 anos de história, o SECI tem muito a comemorar. Além dos comerciários serem bem mais respeitados em seus direitos, eles sabem que há um lugar onde podem buscar orientação, porque há pessoas dispostas a defendê-los. Mas a diretoria do SECI alerta para a ameaça que os instrumentos de defesa do trabalhador estão sofrendo na atualidade. “Os empresários estão se organizando e através desse governo querem desregulamentar totalmente, abrir as lojas em horário livre, pagar o salário que quiserem e tirar direitos. E para cumprir esse projeto atacam os sindicatos. É aí que mais uma vez o trabalhador tem que tomar consciência de que ao fortalecer o Sindicato, ele consegue defender seus direitos e construir uma realidade melhor no comércio de Ipatinga”.
Portanto o melhor presente que os comerciários podem se dar, neste aniversário, é procurar conhecer mais o Sindicato, dar sugestões, fazer críticas construtivas, trazer demandas, enfim, participar. Só assim o SECI continuará cumprindo o seu papel de representar dignamente os comerciários de Ipatinga.
Arquivo do SECI
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