Quem já assistiu o filme Titanic deve se lembrar de uma das cenas em que são escolhidos alguns para adentrarem nos botes salva-vidas já que não havia espaço suficiente para todos. Neste 11 de março faz um ano que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que enfrentávamos uma pandemia de Covid-19. O nosso barco continua afundando, com mais de duas mil mortes diárias no Brasil, e só 1,35% da população totalmente vacinada. Cadê o bote salva-vidas para toda a população? 

 

A vacina não deveria ser uma questão de escolha. Deveria estar disponível para toda a população. O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Brasil era referência mundial, por ser um dos poucos países que ofertava de maneira gratuita e universal um rol extenso de vacinas. Mas quando aparece um vírus mortífero como esse que exige uma resposta mais que urgente, o governo investe milhões em um medicamento que não tem eficácia comprovada: a cloroquina. Olhando do ponto de vista científico, é como se dessem um colete para os que estão mergulhados num mar congelante, só esperando a morte chegar.

 

É inegável a necessidade de imunizar os profissionais da saúde, da educação, os idosos, os cuidadores. Mas cadê a vacina daqueles que estão todos os dias nos supermercados, em contato com milhares de pessoas diariamente, pegando em mercadorias, cartões, dinheiro? Aqueles que estão nos açougues, hortifrutis, peixarias, movimentando os serviços que consideramos essenciais? 

 

A nossa categoria compõe também os serviços essenciais, mas o SECI luta pela universalização da vacina, porque toda vida é essencial! Reivindicamos maior agilidade na distribuição. Maior atenção à saúde preventiva da população. Não queremos escolher quem colocar no bote salva-vidas. A história recente do Brasil prova que o nosso país tem muita capacidade não só para desenvolver imunobiológicos como também para distribui-los à população de forma rápida e eficaz. Para isso acontecer só precisa de pressão popular, investimento na ciência e vontade política.