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15 de março: Dia do Consumidor
Consuma para viver, não viva para consumir

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O Direito ao Delírio* 
 
Que tal se delirarmos por um tempinho?
 
Que tal se fixarmos nossos olhos mais além da infâmia, para imaginar outro mundo possível?
 
O ar estará limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das humanas paixões.
 
Nas ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães.
 
As pessoas não serão dirigidas pelo automóvel, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelos supermercados, nem serão, também, assistidas pelo televisor.
 
O televisor deixará de ser o membro mais importante da família e será tratado como o ferro de passar ou a máquina de lavar roupas.
 
Será incorporado aos códigos penais o delito de estupidez, que cometem os que vivem para ter ou para ganhar, em vez de viver por viver e só.
 
Assim como canta o pássaro, sem saber que canta, e como brinca a criança, sem saber que brinca.
 
Ninguém viverá para trabalhar, mas todos nós trabalharemos para viver.
 
Os economistas não chamarão nível de vida ao nível de consumo; nem chamarão qualidade de vida a quantidade de coisas.
 
Os historiadores não acreditarão que os países adoram ser invadidos.
 
Os políticos não acreditarão que os pobres adoram comer promessas.
 
A solenidade deixará de acreditar que é uma virtude e ninguém, ninguém levará a sério alguém que não seja capaz de tirar sarro de si mesmo.
 
A morte e o dinheiro perderão seus mágicos poderes e, nem por falecimento nem por fortuna, se converterá o canalha em um virtuoso cavalheiro.
 
A comida não será uma mercadoria, nem a comunicação um negócio.
 
Porque a comida e a comunicação são direitos humanos.
 
Ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão.
 
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo, porque não haverá crianças de rua.
 
As crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá crianças ricas.
 
A educação não será o privilégio daqueles que possam pagá-la.
 
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, voltarão a juntar-se, bem grudadinhas, costas contra costas.
 
A Igreja proclamará outro mandamento que Deus havia esquecido: "Amarás a natureza da qual fazes parte".
 
Serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma.
 
Os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, porque eles são os que se desesperaram de muito, muito esperar e eles se perderam de muito, muito procurar.
 
Seremos compatriotas e contemporâneos de todos os que tenham vontade de beleza e vontade de justiça, tenham nascido quando tenham nascido e tenham vivido onde tenham vivido, sem que importe nenhum pouquinho as fronteiras do mapa nem do tempo.
 
Seremos imperfeitos porque a perfeição continuará sendo o aborrecido privilégio dos deuses.
 
*Trecho do livro "Patas Arriba": Buenos Aires, dezembro de 1998, ps. 222/224.
 

Fonte : Eduardo Galeano




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