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30 de outubro é Dia dos Comerciários
Quem trabalha no comércio de Ipatinga tem o que comemorar?

Ascom/SECI
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“Parece normal os comerciários terem o horário que têm hoje. Não sabem eles a luta que foi para conseguir. Era um sonho! Muitos não acreditavam ser possível”. Relembra a professora e historiadora Elizabeth Teixeira, que em 1979 era comerciária no Depósito de Doces Almeida, no Centro de Ipatinga.  Ela recorda que a categoria, de modo geral, passava por uma situação de muita exploração. “O horário de trabalho era de 7h às 20h. E em períodos de datas comemorativas era até às 23h. Me lembro muito do Natal, eu chegando em casa na hora da ‘Missa do Galo’, assim chamada a missa da meia-noite. O pior é que não tinha ônibus, então vínhamos de bicicleta ou a pé”. A ex-comerciária fala que a falta de condições dignas de trabalho era geral, não tinha espaços apropriados para alimentação e higiene, não existia salário comercial, as jornadas eram exaustivas, com muitas horas de trabalho. “Quem pagava o salário mínimo já era uma glória, se assinava carteira eram poucos. Muitos pagavam menos que o mínimo. Mas a gente não tinha ninguém para lutar por nossos direitos”.

 

Comerciários se organizam pelo horário do comércio

 

            Elizabeth conta que a categoria começou a se organizar em 1979, para lutar pela implantação da Semana Inglesa no comércio (segunda a sexta de 8h às 18h e aos sábados de 8h às 12h). Mas ela afirma que era difícil porque as pessoas tinham muito medo de se envolver, devido principalmente às atrocidades cometidas no período do regime militar. Mesmo com todos os riscos, a luta dos comerciários continuou. “Ia escondida do meu patrão para as reuniões que geralmente aconteciam no antigo cinema da cidade. Me lembro até hoje dos gritos, das danças, manifestações. Uma dessas assembleias foi filmada e antes de iniciar a sessão de cinema começaram a passar para quem estava para ver um filme. Um dia meu patrão foi no cinema e no início do filme passou ‘comerciários na luta pela Semana Inglesa’ e ele disse que eu estava bem na frente, pulando e saltando”. Apesar de não ter sido dispensada, seu marido, metalúrgico, quase perdeu o emprego por causa dela. “Perseguia e mandava embora quem lutava. Terrível. Indignante”.

 

Insatisfação com as condições de trabalho

 

            Lá na lojinha de Alto Jequitibá, localizada a 202 km de distância de Ipatinga, Antônio Ademir da Silva, que é diretor e um dos fundadores do SECI, não imaginava que sofreria na pele essa perseguição de que Elizabeth falava. Ele, que sempre gostou da atividade dinâmica do comércio, foi convidado a fazer um teste na antiga Casa Barros, que ficava onde hoje funciona a Casas Bahia, na Av. 28 de Abril. Sua vocação foi rapidamente aprovada e, com pouco tempo de loja, já começava a se inquietar com a situação de exploração que os comerciários viviam. “Eu participava do grupo de jovens na Igreja Católica, que falava muito da Teologia da Libertação, falava de construir uma nova sociedade, um mundo mais justo. E aquilo foi me incomodando. Porque tudo era só para o lado do patrão. Até o próprio dono da loja tinha quem o defendia e quem é que defendia a gente?” Foi aí que ele conheceu o Geraldo Francisco Lemos, mais conhecido como Geraldinho, que infelizmente faleceu dia 14 do mês passado. Ele, que era um grande intelectual, ao saber que o comerciário tinha essas inquietações o convidou para participar das reuniões para fundar o Sindicato. Sem entender direito o que era, Antônio resolveu ir e, assim, começou sua militância no movimento sindical.

 

Luta dos comerciários conquista avanços

 

            30 de outubro é considerado o Dia dos Comerciários porque marca a conquista do Decreto Lei 4.042/1932, que reduziu a jornada dos comerciários para oito horas diárias e estabeleceu o direito ao descanso semanal remunerado aos domingos. Mas essa lei só foi possível porque os comerciários se mobilizaram e realizaram a famosa “Passeata dos 5 mil” que marchou até o Palácio do Catete no Rio de Janeiro, pressionando o então Presidente da República Getúlio Vargas a atender suas reivindicações. Essa data é histórica também para os comerciários de Ipatinga porque faz referência a várias conquistas da categoria, que não vieram de mão beijada, mas sim depois de muita luta e organização dos trabalhadores, como foi o caso da Semana Inglesa.

            Como um dos fundadores do SECI, Antônio recorda os momentos de luta, perseguição e dificuldades que viveu como comerciário, empregado da Consul, e sindicalista. Casado com Geovanda e pai de Tauan, ele passou por grandes tribulações quando a entidade ainda engatinhava. Mas hoje acredita que os comerciários têm muitos motivos para comemorar. “Se hoje o comércio no final do ano fecha 8 horas da noite e não meia-noite, uma hora da manhã, como era no meu tempo, temos o que comemorar! Se hoje temos plano de saúde, Clube, Casa de Praia, tem alguém para orientar o comerciário quando ele precisa, se hoje temos um jornal mensal, enfim, todo um aparato defendendo os comerciários, temos que comemorar”, destaca. Outra coisa que mudou, segundo o diretor do SECI, foi o respeito ao trabalhador do comércio, porque agora ele tem mais consciência dos seus direitos.

 

É preciso continuar, para não retroceder!

 

            Apesar de buscar valer seus direitos, ainda são muitos os desafios. E engana-se quem pensa que atender cliente que chega mal humorado é uma das maiores dificuldades dos comerciários. Antônio cita a necessidade de melhorias no salário, ter creches para atender às mães comerciárias, ticket alimentação, como alguns dos direitos que precisam ser conquistados para melhorar o trabalho no comércio de Ipatinga. São benefícios que, para muitos comerciários, assim como foi na época da Elizabeth, pode parecer um sonho. Mas que a história prova ser possível, assim como aconteceu em 30 de outubro de 1932.

Portanto, neste Dia dos Comerciários, o SECI celebra essa história de conquistas e se prepara para as próximas lutas que virão, convocando os trabalhadores a reforçarem essa disputa participando do SECI. Como afirma a professora Elizabeth, a defesa dos direitos que existem é tão importante quanto a conquista de novos direitos. “Gratidão a vocês, do Sindicato, pela luta. Sigamos na conquista, defesa e garantia de direitos!”.

 

 


Fonte : Ascom/SECI




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(SECI)



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